Da Triunfal entrada de Maria Santíssima no Céu

 
-Trecho do livro Glórias de Maria - Santo Afonso Maria de Ligório.

(...)Vieram depois dar-lhe a boa-vinda, e saudá-la como sua Rainha, todos os santos que então estavam no paraíso.

Vieram primeiro as santas virgens. "As filhas a viram e elas apregoaram-na pela mais bem-aventurada" (Ct 6, 8). Nós, disseram elas, ó belíssima Senhora, somos também rainhas deste reino, mas vós sois a Rainha nossa. Fostes a primeira a dar-nos o grande exemplo de consagrar a nossa virgindade a Deus. Por isso vos louvamos e damos graças.
 
Depois vieram os santos mártires saudá-la como sua Rainha, porque com sua grande constância, nas dores da Paixão de seu Filho, lhes ensinara e também alcançara com seus merecimentos a fortaleza para testemunhar a Fé com a vida.

Veio também São Tiago, o único dos apóstolos que então se achava no paraíso, agradecer-lhe da parte de todos os outros apóstolos aquele conforto e auxílio que lhes dera estando na terra.

Vieram depois os profetas saudá-la, e estes lhe diziam: Ah! Senhora, vós sois aquela, que pelas nossas profecias foi figurada.
 
Vieram os santos patriacas e lhe diziam: Ó Maria, vós então fostes a nossa esperança, tanto e por tão longo tempo por nós suspirada.
 
Mas entre eles, com afeto maior vieram dar-lhe agradecimentos os nossos primeiros pais Adão e Eva. Ah, Filha amada, lhe diziam, Vós reparastes o dano feito por nós ao gênero humano; vós alcançastes ao mundo aquela bênção que perdemos por nossa culpa; por vós somos salvos. Para sempre sejais por isso bendita!
 
Vem depois beijar-lhe os pés São Simeão e recordou-lhe com júbilo aquele dia em que tinha recebido das suas mãos o Menino Jesus.

Vieram São Zacarias e Santa Isabel e novamente lhe agradeceram aquela amorosa visita, que com tanta humildade e caridade lhes fizera em sua casa, e pela qual receberam tantos tesouros.

Veio São João Batista, com maior amor, dar-lhes graças por tê-lo santificado por meio da sua voz.


Mas que deveriam dizer-lhe, quando vieram saudá-la seus caros pais, Joaquim e Ana? Oh! Deus, com que ternura a deveriam abençoar dizendo: Filha dileta, que fortuna foi a nossa de ter tal filha! Eis que agora és a nossa Rainha, porque és Mãe do nosso Deus. Como tal nós te saudamos e veneramos. 
 
Mas quem nos dirá do afeto com que veio saudá-la seu caro esposo São José? Quem nos poderá descrever o júbilo que experimentou o santo patriarca vendo a sua esposa chegada ao céu com tanto triunfo e aclamada Rainha de todo o paraíso? Com que ternura devia lhe dizer então: Ah! Senhora e esposa minha! Quando poderei chegar a agradecer quanto devo ao nosso Seus, por ter-me dado por esposa a vós, que sois a sua verdadeira Mãe? Por vós eu mereci na terra assistir à infância do Verbo Encarnado, tê-lo tantas vezes nos braços e dele receber graças especiais. Sejam sempre benditos os momentos que gastei na vida a servir a Jesus e a vós, minha santa esposa! Eis o nosso Jesus, consolemo-nos que já não o vimos agora deitado numa manjedoura sobre palhas, como nós o vimos nascido em Belém; já não vive pobre e desprezado, como outrora viveu conosco em Nazaré; já não está pregado num patíbulo infame, no qual morreu pela salvação do mundo em Jerusalém. Mas agora está sentado à direita do Pai, qual Rei e Senhor do céu e da terra. E eis que nós, Rainha minha, não nos separaremos mais dos seus santos pés, a louvá-lo e amá-lo eternamente.
 
Finalmente vieram saudá-la todos os anjos. A todos a excelsa Rainha agradece a assistência que lhe haviam prestado na terra. Primeiramente lhe recebe os agradecimentos o arcanjo São Gabriel, o feliz mensageiro de sua ventura, ao anunciar-lhe sua escolha para Mãe de Deus.

Depois, de joelhos, a humilde e santa Virgem adora a majestade divina e abisma-se no conhecimento do seu nada. Agradece a Deus todas as graças que por mera bondade lhe havia concedido, especialmente de a ter feito Mãe do Verbo Eterno. Imagine e compreenda agora, quem o puder, com que amor a Santíssima Trindade a abençoou! Quem nos descreverá o afável e afetuoso acolhimento que fez o Pai Eterno à sua Filha, o Filho à sua Mãe, o Espírito Santo à sua Esposa! O Pai a coroa, participando-lhe o seu poder, o Filho a sabedoria, o Espírito Santo o amor. As três Pessoas divinas, colocando-lhe o trono à direita de Jesus, a declaram Rainha universal do céu e da terra. Aos anjos também ordenam, e a todas as criaturas, que a reconheçam por sua Rainha e como tal a sirvam e lhe obedeçam.

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